Como enfrentar a depressão no ambiente de trabalho.

Introdução

A depressão é uma doença mental que gera alterações no humor, geralmente apresentando, sentimentos de tristeza, autodesvalorização, apatia, sentimento de vazio, de que nada tem sentido, falta de energia ou cansaço excessivo, falta de memória, insônia, redução de apetite, desinteresse sexual e dores e sintomas físicos difusos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os países da América Latina, o Brasil é o que apresenta a maior prevalência de depressão, resultado este apresentado no relatório “depressão e outros transtornos mentais”, onde foi revelado que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a 11,7 milhões de brasileiros. (BBC News, 2023).

“A prevalência ao longo da vida é, em média, de 14,6% em países desenvolvidos e 11,1% em países em desenvolvimento. As mulheres têm um risco de desenvolver depressão de 2 a 3 vezes maior do que os homens. Metade dos casos apresenta o início dos sintomas na faixa etária de 20 a 50 anos.” (Einsten, Guia de doenças e sintomas).

O diagnóstico de depressão deve ser realizado por um profissional qualificado, como médico, psicólogo ou psiquiatra. O diagnóstico é essencial para que o devido tratamento seja conduzido de maneira eficaz.

“Os profissionais de saúde mental utilizam critérios específicos para avaliar e diagnosticar a depressão, incluindo a presença persistente de sintomas como tristeza profunda, perda de interesse ou prazer nas atividades, alterações no sono e no apetite, cansaço, sensações de falta de valor e, em alguns casos, pensamentos suicidas.” (Einsten, Guia de doenças e sintomas).

Causas da depressão

De acordo com o Ministério da Saúde as causa para o desenvolvimento da depressão são:

  • Fatores genéticos: pesquisas comprovam que os fatores genéticos representam 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;
  • Bioquímica cerebral: a deficiência de Noradrenalina, Serotonina e Dopamina pode ocasionar a depressão.
  • Eventos vitais: “eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença.” (Ministério da Saúde, Depressão).

Fatores de risco

Conhecer os principais fatores de risco, pode ser uma oportunidade de ampliação de consciência e de tomada de decisão assertiva em direção a uma possível mudança ou manutenção de hábitos saudáveis, atuando desta forma em um planejamento preventivo.

De acordo com o Ministério da Saúde os fatores de risco são:

  • Histórico familiar;
  • Transtornos psiquiátricos correlatos;
  • Estresse crônico;
  • Ansiedade crônica;
  • Disfunções hormonais;
  • Dependência de álcool e drogas ilícitas;
  • Traumas psicológicos;
  • Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
  • Conflitos conjugais;
  • Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.

Tratamento

O tratamento deve ser construído por um profissional qualificado da área da saúde mental com foco nas necessidades individuais do cliente, podendo envolver uma abordagem multidisciplinar como psicoterapia, pode haver a necessidade de uso de medicamentos antidepressivos e estratégias de autocuidado, como a prática de atividade física regular, alimentação saudável, estratégias de gerenciamento de estresse, criação de rede de apoio, entre outras necessidades individuais.

 No ambiente profissional

“O Brasil é um país com uma carga tributária alta e com uma remuneração média baixa. Isso faz com que a população tenha que trabalhar muito mais do que outras para conseguir atingir serviços básicos que não são oferecidos com qualidade pelo Estado, o que acaba sobrecarregando a saúde mental dos brasileiros e desencadeando transtornos mentais, como a depressão”, diz Volnei Costa, médico psiquiatra e presidente do conselho científico da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) (BBC News, 2023).

Apesar de parecer um contrassenso, manter-se produtivo pode ser um aliado no tratamento da depressão, e Alice Boyes sugere cinco passos a seguir:

  1. Programe o acesso a fontes diárias de realização e prazer.

Alice Boyes se baseia na terapia chamada de ativação behaviorista, uma terapia para a depressão amplamente estudada, a qual apresenta os princípios de atividades que gerem sensação de realização e prazer. E propõe que estas atividades devem ser perseguidas ao longo do dia, dividido entre os períodos da manhã, tarde e noite totalizando seis atividades por dia.

Estas atividades são de escolha pessoal, no entanto vale ressaltar que a sensação de realização e de prazer podem ser alcançadas na atividades mais simples do dia, como se sentar em um jardim, observar as estrelas no céu, caminhar ou até mesmo realizar tarefas profissionais. Definir estas atividades pode se tornar um estressor para quem está enfrentando a depressão, neste caso, uma boa estratégia é contar com o apoio de amigos e familiares para listar atividades que geram estas sensações.

2. Reduzir a carga de trabalho usual

Manter uma rotina, auxilia o cérebro a se manter organizado e a regular o ritmo biológico, como apresentado em artigos anteriores, sendo assim manter-se profissionalmente ativo ajuda a manter a rotina, além de mantê-lo socialmente ativo.

No entanto, é provável que seja necessário ajustar a sua percepção de produtividade, compreender que durante este período a sua produtividade poderá ser percebida como inferior a de costume, mas tenha em mente que este é um momento temporário e que você está fazendo o seu melhor hoje.

3. Alterne tarefas fáceis, mediana e difíceis

Um longo período de atividades fáceis pode gerar a sensação de desanimo, bem como um longo período de atividades difíceis pode geram gatilhos para o estresse e irritação, desta forma, quando listar as atividades que geram a sensação de realização e prazer, as alterne entre tarefas fáceis, medianas e difíceis.

4. Cultive o hábito de trabalho focado com o intuito de reduzir a necessidade de autocontrole.

A criação de uma rotina diária auxilia para gerar a sensação de controle no cérebro, além de reduzir o estresse e a ansiedade.

Num primeiro momento, criar uma rotina pode ser algo desafiador, mas ao passo que esta rotina se torna um hábito, mantê-la se torna uma estratégia primordial para o aumento da sensação de realização e de prazer e redução dos sentimentos causados pela depressão.

5. Considere a possibilidade de tratar seu transtorno mental

Como já mencionado em artigos anteriores, ainda lidamos com o estigma quando se trata de transtornos mentais, fruto da história da sociedade em relação ao tema.

A melhor forma de se reduzir o estigma sobre os transtornos mentais, é trazendo à luz este tema, conversando e conhecendo sobre o assunto.

O processo de terapia poderá levar o cliente ao autoconhecimento, ao entendimento de como a depressão se manifesta especificamente nele, e a encontrar as melhores estratégias para lidar com a depressão, e ainda em criar estratégias para se manter ativo profissionalmente de forma positiva.

Conclusão

A depressão no ambiente de trabalho é uma realidade que não pode ser ignorada. O impacto dessa condição vai além do indivíduo, afetando o coletivo, a produtividade e o bem-estar organizacional. É essencial que as empresas adotem uma postura proativa, promovendo um ambiente acolhedor e sensibilizando os colaboradores para a importância de cuidar da saúde mental. Que essa conscientização inspire líderes e colegas a enxergarem a depressão com empatia e a implementarem medidas de apoio que possibilitem a construção de um ambiente de trabalho saudável, onde todos possam alcançar seu potencial em equilíbrio com sua saúde mental.

Broadcast:

Tathy Neder | Psicóloga | Especialista em consultoria interna e DHO | Coach Executivo | Coach de Carreira | Coach de Equipes e Grupos | Consultora | Facilitadora e Mentora de DHO | Facilitadora de Segurança Psicológica | Chief Happiness Officer

tathyneder@coaching4action.com

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