Como agir durante uma crise de pânico

Introdução

“A reunião inesperada”

Mariana é uma jovem analista de marketing, sempre muito dedicada, e recentemente foi promovida. Ela se esforça ao máximo para corresponder às expectativas, mas sente um aumento de pressão e responsabilidade. Certo dia, logo pela manhã, ela recebe um e-mail da diretoria convocando-a para uma reunião de emergência para apresentar seu projeto.

A notícia a pega de surpresa, e Mariana começa a sentir seu coração disparar. Suas mãos ficam geladas e suadas, e uma sensação sufocante de falta de ar se instala, como se o peso de todas as suas responsabilidades estivesse sobre o peito. Uma onda de calor sobe rapidamente, e sua visão começa a ficar embaçada, acompanhada por uma sensação de tontura e fraqueza nas pernas.

Mariana tenta se acalmar, mas a ideia de falar diante dos diretores a faz sentir como se algo terrível estivesse prestes a acontecer, embora não saiba exatamente o que é. Ela começa a pensar que está perdendo o controle, e se sente paralisada e pensa em chamar uma ambulância.

Mariana acaba de ter um ataque de pânico.

Ataques de pânicos são mais comuns do que se imagina, “de acordo com a OMS, transtornos do pânico afetam cerca de 4% da população mundial.” (WHITE, 2023).

Há variados fatores que podem desencadear uma crise de pânico, como uma reunião inesperada, como no caso de Mariana, transição de carreira abrupta, estresse pós-traumático (TEPT), necessidade de estar no controle da situação, expectativas altas, perfeccionismo e má aceitação de erros, entre tantos outro fatores estressante no dia a dia. Sendo assim, uma crise de pânico pode ser desencadeada durante a sua jornada profissional.

O que é um ataque de pânico?

O ataque de pânico é descrito, pela Associação Americana de Psicologia (APA) como “um surto repentino de medo avassalador que chega sem aviso e sem qualquer razão aparente.” (WHITE, 2023).

Os sintomas gerados por um ataque de pânico costumam ser muito reais, levando algumas pessoas a buscarem ajuda em hospitais acreditando que estão sofrendo um infarto, por exemplo.

É comum que, as pessoas que já vivenciaram um ataque de pânico, estejam sempre alertas e receosas em sofrer um novo ataque, e desta forma evitem situações similares àquelas que desencadearam o ataque, no entanto este comportamento não é saudável a longo tempo. Portanto, caso você venha sofrendo de ataques de pânico, procure ajuda profissional, o tratamento é possível.

Crise de pânico e síndrome do pânico

“Um ataque de pânico é um período breve em que a pessoa sente angústia, ansiedade ou medo extremos, que têm início súbito e são acompanhados por sintomas físicos e/ou emocionais. A síndrome do pânico consiste em ataques de pânico recorrentes que causam uma preocupação excessiva com ataques futuros e/ou modificações de comportamento para evitar situações que poderiam desencadear um ataque.” (BARNHILL, 2023).

“O diagnóstico deve ser realizado por mediante avaliação psicológica, porém, pode ser necessária também a realização de análises físicas, por meio de exames, para descartar a possibilidade de qualquer outra doença.” (BARNHILL, 2023).

“A síndrome do pânico é diagnosticada quando a pessoa apresenta ataques de pânico repetidos e inesperados combinados com, pelo menos, um dos fatores a seguir durante no mínimo um mês: 

  • Preocupação persistente de que ela terá outros ataques de pânico ou preocupação com as consequências do ataque (por exemplo, de que ela perderá o controle ou irá enlouquecer)
  • Alterações no comportamento devido aos ataques de pânico (por exemplo, evitar situações que poderiam causar um ataque)” (BARNHILL, 2023).

Sintomas da síndrome do pânico

Entre os sintomas da síndrome do pânico, podemos destacar (Síndrome do pânico, 2024):

  • Aumento ou aceleração de batimentos cardíacos;
  • Desconforto ou dores no peito;
  • Sudorese excessiva;
  • Boca seca;
  • Tremores;
  • Agitação;
  • Palidez;
  • Formigamento nas mãos e nos pés;
  • Falta de ar;
  • Dificuldade para respirar;
  • Sensação de sufocamento ou asfixia;
  • Tontura;
  • Ondas de calor;
  • Fraqueza;
  • Calafrios;
  • Sensação de entorpecimento;
  • Forte sensação de medo, sem motivo aparente;
  • Medo de morrer;
  • Perda de controle sobre os pensamentos;
  • Sensação de estar fora do corpo ou de ser esmagado;
  • Desmaios;
  • Medo de morrer;
  • Vômitos.


Estratégias para gerenciar os sintomas.

Ruth C. White, em seu artigo “Como lidar com um ataque do pânico” destaca algumas estratégias para gerenciar os sintomas de um ataque de pânico e estratégias para ajudar alguém com ataque do pânico, estratégias que cito a seguir:

  1. Respire profunda e lentamente: se concentrar em sua respiração desacelera a frequência cardíaca, gerando a sensação controle, reduzindo assim o medo.
  2. Busque a atenção plena: focar em sua respiração o ajuda a mudar o foco. Converse consigo mesmo, diga que o que está sentido vai passar e que você não está morrendo.
  3. Visualize um lugar tranquilo e feliz: visualize lugares que você costuma se sentir feliz. Fechar os olhos pode trazer uma sensação mais realista de sua visualização e auxiliar na mudança de foco do estímulo que pode ter sido um gatilho para seu sintoma.
  4. Repita um mantra: recite um mantra ou palavras de afirmação como “Vai ficar tudo bem”.
  5. Faça uma pausa: fazer uma breve pausa pode ajudá-lo a sair do momento de crise. Caso esteja no ambiente de trabalho, uma possibilidade é ir tomar um copo d’água, tomar uma xícara de chá.

Como ajudar alguém com ataque do pânico?

Crises de pânico podem ocorrem em qualquer ambiente, inclusive no ambiente profissional, e nestes casos como o líder e a equipe podem contribuir com o colega?

O primeiro passo é reconhecer os sintomas, este conhecimento possibilita que preste ajuda, mas lembre-se que não é o seu papel diagnosticar, tão pouco resolver a situação.

Ao reconhecer os sintomas, a recomendação é que você aja com empatia e tranquilidade, e a autora Ruth C. White compartilha as cinco dicas a seguir:

  1. Pergunte: pergunte se a pessoa deseja a sua ajuda e como pode ajudá-la. Caso a pessoa diga que acredita estar sofrendo um infarto, chame a ambulância.
  2. Vá para um lugar silencioso e reservado: se ofereça a conduzir a pessoa a um local calmo, caso ela se recuse, deixa claro que, caso ela deseje sua ajuda, que estará à disposição.
  3. Ouça: escute a necessidade da pessoa, caso ela peça que se afaste diga: “Eu não quero deixar você sozinha com esse sofrimento, por isso vou ficar por perto para te ajudar caso você precise de mim.” (WHITE, 2023).
  4. Tranquilize: se a pessoa aceitar a sua ajuda, você pode ajudá-la a conduzindo em uma respiração mais calma, pode pedir a ela para fechar os olhos e se concentrar em sua própria respiração. Outra técnica é pedir que ela repita com você o mantra “eu vou melhorar” (WHITE, 2023).

Após o evento, deixe claro que o ocorrido não afetará a sua percepção sobre ela, tão pouco sobre sua competência profissional, e reforce que ela pode contar com o seu apoio. Sugira ainda que ela busque ajuda profissional.

Conclusão

Ao lidarem com ataques de pânico e ansiedade no ambiente de trabalho, líderes e profissionais de RH têm a oportunidade de desempenhar um papel fundamental na criação de um espaço psicologicamente seguro. Compreender o que é um ataque de pânico e saber como apoiar os colaboradores pode não apenas ajudar na prevenção de crises, mas também fortalecer a confiança e o engajamento da equipe. Encorajamos os gestores a buscar conhecimento contínuo sobre saúde mental e a promover práticas que ofereçam suporte, demonstrando que os desafios emocionais são compreendidos e acolhidos. Dessa forma, podemos contribuir para um ambiente de trabalho mais saudável e resiliente.

Referências Bibliográficas

BARNHILL, J. MD, New York-Presbyterian Hospital. Ataques de pânico e sindrome do pânico. Manual MSD. Agosto 2023. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/distúrbios-de-saúde-mental/transtornos-de-ansiedade-e-relacionados-a-fatores-estressantes/ataques-de-pânico-e-síndrome-do-pânico. Acesso em: 07 de novembro de 2024.

Síndrome do Pânico. Rede Dor. Disponível em: https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/sindrome-do-panico. Acesso em: 07 de novembro de 2024.

WHITE, R. C. Como lidar com um ataque de pânico in: Harvard Business Review: Como melhorar a saúde mental no trabalho. 1.ed. Rio de janeiro: Sextante, 2023. Capítulo 6, p. 63 a p. 70.

Foto de: Imagem de Daniel R por Pixabay

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Tathy Neder | Psicóloga | Especialista em consultoria interna e DHO | Coach Executivo | Coach de Carreira | Coach de Equipes e Grupos | Consultora | Facilitadora e Mentora de DHO | Facilitadora de Segurança Psicológica | Chief Happiness Officer

tathyneder@coaching4action.com

@coaching4action

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